sábado, 21 de setembro de 2013

Sobre sobre(viver).



Queria ter deixado o amor naquele colchão no qual levantei antes das onze horas ao invés de ter deixado um bilhete com a minha caligrafia torta. Amar é um risco tremendo. Tudo que passa parece eterno,  talvez até seja mas dói. Tudo que é eterno parece que passa e se passar o que nos resta?  O meu amor desenrolado em rolo de fita. As fotos que guardo num álbum particular, canções e cantigas para passar o dia ouvir e consequentemente chorar. O piscar de cílios pesa, a água salgada pesa, tudo pesa nada peço. Nada é argumento, choro, dor, gritos, omissão, nada alivia, nada é argumento e isso me despedaça. Você disse que eu poderia deitar do seu lado caso algo me atormentasse, pois bem: O piscar de cílios tem sido a coisa mais pesada ultimamente.  Eu escrevo sobre gente partida converso com pessoas quebradiças... Ando fugindo da vigília, pois temo o desfecho.  Peço perdão ao confessionário eu nunca quis esta penitência acho perca de tempo e de paciência.  A morte é inexorável Darling, nem a fita mais bonita desfaz o fato de que mor(r)o em alguém.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Infinito



Desde então, coração, te fiz meu.
Em meia parte em parte meia
Inteira e m(eu)eia.
Por inteira me fiz tua, em lua cheia, em meia lua
Céu com estrelas ou simplesmente noite escura.
E o desejo que a voz entenda
E que a nossa canção fique para sempre
E eu quase caio na beira de uma profundidade
A minha mão em teu peito
Os laços dos membros numa cama pequena
Estremeço se num segundo essa tua imensidão me olha
E então quantos segundos tem o infinito?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Chuva Ácida


Hoje choveu, chovi.  Hoje o tempo entrou de acordo com meu estado para tudo ser perfeitamente estranho. Andei pela casa e pela rua daquele jeito: De quem dá passos morrendo de vontade de voltar correndo. Do jeito que quanto mais se aproxima, mais o coração aperta e os pensamentos bagunçam. Do jeito desgraçado de amor pelo outro. Jeito com orgulho. Jeito idiota, jeito desengonçado. Jeito  de quem não quer ir, apesar da curiosidade. E o meu celular darling,  também não ajudou… Colocou logo  a música mais  triste nos meus ouvidos, assim, sem  pedir licença pro sofrimento. E eu chovi com a chuva, chovi como ela. Esperar, esperando, chorar. Eu  já não sei o sentindo disso. Palavras continuam ficando mais que tatuagem. Doendo também. Difíceis de desfazer. Não sei. Aliás, só eu sei. Só eu sei o quanto agonio, o quanto fico nervosa, angustiada, diferente de mim, longe de mim, engraçada, estranha, e agoniada de novo.

domingo, 18 de agosto de 2013

A maré, amaré, amar é.





Amar uma pessoa mais que tudo, do tamanho do mundo. Até que o mundo se torne você.
Amar uma pessoa mais que todo e qualquer absurdo até que o absurdo fique a mercê.
Amar uma pessoa independente do sexo. Até porque o sexo se faz entre lençóis e a sós.
Amar uma pessoa pela falta de melanina, pela falta de vitaminas, pelos nós.
Amar uma pessoa mais do que a chuva que recorda a moldura do que seria o amar.
Amar uma pessoa unicamente por ser sua metade mesmo que assimétrica. 
Amar os cabelos, os cheiros, as manias, as maresias e odiar a maneira de fazer café.
Amar uma pessoa mais do que a si e então sorrir por finalmente aprender a amar.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Malandragem



Como os olhos que brilham ao ver a beleza de Aurora
Andas como alguém que não se mostra.
Assovia pra Maria que tem um decote grande
Sente que tem uma chance grande!
Com a Paola sempre quis rodar, mas ela era nova
não sabia nem beijar
E na esquina da augusta  avistou a Mariana
Lembrou-se do gloss de banana.
Amava mesmo a linda Marcinha
E dela sim queria tirar a calcinha
Mas Marcinha gostava da vizinha.
O que seria a poesia senão fosse a malandragem? 
Boa vontade? Sacanagem? Surrealismo leviano?

E é verdade Sir, eu me apaixono por poetas malandros.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Teus olhos



Uma garoa daquelas tristes
Daquelas mansas
O povo pensativo: colorido
E a terra: balança
O céu é cinza por chover
O arco-íris é multicor
E a cor dos teus olhos é o amor!


domingo, 28 de julho de 2013

Nem (sempre) só.



Com uma singularidade de Zé ninguém, de Zé que vive só.  Exaustão não faz bem para a alma, não faz bem para o coração, não faz bem a mim, não faz bem a nós.  Insiste nos plurais mesmo que os tais não sejam tão plurais assim. A vida pede força e a verdade dói, Sir.   Quisera eu ter uma daquelas sensações nas quais nos fazem ter vontade de prosseguir, mas só me preenchem as contrárias ou talvez se com persistência fosse tentando as que não conheço. Num belo dia perguntastes o meu peso. Pois bem, eu tenho o peso das galáxias, de uma pétala e do mais pesado totem existente. Nunca sei quando o seu sorriso é verdadeiro ou se vem de uma sinapse na tua péssima memória aquele incidente no bar: Quando o vinho tinto alcançou o meu vestido azul.  Eu não sei beber, a mancha hoje revigora e no tecido desbotado uma memória. Darling, eu ainda não sei beber e aquele era meu vestido predileto. Eu aprendi a tragar alguns cigarros aos sábados, aprendi a prender os monstros e agir com ironia. Lembro-me bem da sua ultima pergunta: Por que tão solitária, extremista e insensível? Eu sou a percepção da queda quando se alcança o chão, o trajeto foi leveza.  Penso que se um dia todo o caos existente em mim for solto, se eu deixasse de sussurrar somente para os corredores, e para as paredes surdas não seriam dores e sim pena. E disto eu não sinto falta... Na floricultura encontrei um garoto, discutimos. Eu disse que era tulipa ele riu em tom de deboche e disse que eram orquídeas... No final? Eram margaridas. Nem sempre se pode estar certo.